segunda-feira, julho 23, 2007

Efeito Katilce



Como
o Youtube, o Second Life e outros recursos da Web 2.0 vão mudar o setor da educação


algum tempo, a banda U2 esteve no Brasil para uma série de shows. Eu estive em um destes, no Estádio do Morumbi. Num determinado momento do show, a estrela da banda, o vocalista Bono, pegou pelo braço uma garota e colocou-a no palco. Foram poucos minutos em que a jovem esteve bem próxima do super-star, com direito a dança, brincadeiras e até um “selinho” no final. A menina era uma mineira chamada Katilce Miranda Almeida.

No dia seguinte, alguns internautas descobriram que a Katilce tinha um perfil no Orkut e começaram a mandar mensagens (scraps), cumprimentando a felizarda. A notícia correu pela rede de uma forma viral, que milhares de pessoas começaram a enviar freneticamente mensagens para a Katilce. O fenômeno foi tão surpreendente que a Katilce recebeu, em 2 dias, quase 3 milhões de mensagens. Foram quase 20 mensagens por segundo. Eu mesmo cheguei a mandar uma mensagem para ela, para ver o fenômeno. Foi incrível, pois eu sequer consegui ver a minha mensagem, que na fração de tempo entre eu enviar a mensagem e a página ser recarregada na tela, dezenas de outras mensagens entraram na frente da minha, que se perdeu na torrente de mensagens. Em poucas horas existiam dezenas de comunidades como "Quando é que sai a Playboy da Katilce?", "Quero ver Katilce no Jô Soares" ou até mesmo "Katilce para presidente".

Eu fiquei profundamente intrigado por que motivo tantas pessoas mandaram mensagens para a Katilce. Mensagens que ela não leu, pois foram milhões, e que quem enviou também não leu, pois se perderam na enxurrada. Aquilo ficou na martelando na minha cabeça: “O que leva uma pessoa mandar uma mensagem que sabidamente não vai ser lida?”.

O fato é que o comportamento viral na Internet tem sido uma constante. O próprio Orkut tornou-se um fenômeno, com dezenas de milhões de usuários cadastrados. Praticamente todo estudante de ensino superior participa desse site de relacionamentos.

A Wikipedia é outro fenômeno desse tipo. Criada como uma enciclopédia virtual em que os verbetes são construídos e atualizados livremente pelos visitantes, ela se tornou uma referência de consulta, inclusive incorporada pela poderosa ferramenta de busca do Google. A versão em inglês da enciclopédia, a maior, possui quase 2 milhões de verbetes construídos através de cerca de 150 milhões de atualizações desde julho de 2002. São milhares de atualizações por dia, feitas de forma espontânea, voluntária e, na maior parte das vezes, anônima pelos seus visitantes.

Parece existir um denominador comum entre esse fenômeno e o caso da Katilce. As pessoas querem participar, fazer parte de algo que está acontecendo. Ninguém obriga essas pessoas a fazer isso, elas fazem porque querem. Eu chamo isso de “Efeito Katilce”. Talvez seja um sinal dos tempos, em que o agitado cotidiano deixa as pessoas carentes de relacionamentos, mas o “Efeito Katilce” tem se mostrado em vários outros fenômenos da Internet.

O Youtube é outro caso emblemático. Quem poderia imaginar que um portal que exibe vídeos colocados pelos seus usuários pudesse se tornar uma febre na rede, a ponto dele ser arrebatado pelo Google, pela bagatela de US$ 1,6 bilhão. E vale a pena notar que, no momento de sua venda, o Youtube dava um prejuízo mensal de alguns milhares de dólares. Isso quebra todas as regras de “valuation”. Dentro do próprio Youtube, o efeito viral se replica. Em poucos dias, vídeos que beiram o ridículo se tornam fenômenos de audiência, como o “Tapa na Pantera” (http://www.youtube.com/watch?v=6rMloiFmSbw) e o “Vai tomar...” (http://www.youtube.com/watch?v=dHpSCHxb780) . Esse último vídeo, junto com suas versões, chegou a ser acessado por cerca de 100 mil pessoas por hora.

Agora, a bola da vez parece ser o Second Life. Os usuários desse programa podem passar por uma experiência virtual tridimensional, criando um personagem e andando pelos intermináveis ambientes produzidos pelos outros usuários. Praticamente todas grandes empresas têm algo construído em algumas das ilhas do Second Life.

O que há de comum em todas essas novidades é a forma como o usuário lida com o ambiente virtual. Na Web tradicional, os sites funcionam como folhetos virtuais, aonde usuário vai e “pegaalgo. Nessa nova Web, que vem sendo chamada de Web 2.0, o usuário pode também deixar algo. É isso que faz a diferença, não é download”, há também o “upload”. Não importa se é um vídeo, um verbete de uma enciclopédia ou uma mensagem para a Katilce, mas as pessoas querem participar ativamente, querem deixar algo, não querem ser somente espectadores. Se Piaget fosse vivo ele iria adorar...

O que é fantástico em toda essa história é o contraste da excitação e do frenesi dos jovens para participar de tudo isso, com a apatia e desinteresse que os professores se queixam dos mesmos na sala de aula. É uma pena que a maioria dos professores ainda não se deu conta que não existe mais aquele cândido aluno, sentado de maneira comportada em sua carteira, a ouvir as preleções de seu mestre. O que pode parecer melancólico para alguns, para mim é uma fantástica oportunidade. Quem souber trabalhar pedagogicamente com o “Efeito Katilce” vai mudar a história da educação. Mais cedo ou mais tarde, isso vai acontecer.

Além disso, é bobagem dizer que o aluno está muito fraco, sem base e que não consegue aprender. Ouço muito isso em muitas instituições que visito. Na verdade, ele sabe aprender e faz isso sozinho muito bem. Quem precisa se preocupar em ensinar um jovem a usar o MSN? Quem mandou seu filho fazer um curso de Orkut? É impressionante como eles aprendem rapidamente. Eu me lembro que até pouco tempo os pais queriam que seus filhos fizessem cursos de informática, para aprender a “mexer no computador”. Isso acabou, eles aprendem sozinhos e muitas famílias hoje precisam lidar com os problemas que agora aparecem pela fixação excessiva dos jovens no computador, muitos pais têm que impor limites. Quem poderia imaginar isso?

O que os jovens não aprendem, na verdade, é a classificação das plantas em angiospermas e gimnospermas, a diferença entre um advérbio e um adjunto adverbial, a fórmula de Bhaskara para resolver a equação do segundo grau e os fatores predisponentes para a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos. Agora, entre nós, além dos professores, quem sabe isso?

O que penso, assim, é que os novos tempos nos mostram que existem muitas oportunidades para mudanças no processo pedagógico, mas primeiro é preciso jogar fora tudo aquilo que conhecemos sobre educação. Quem está disposto a fazer isso? Conheço pouca gente que aceita, a academia é muito conservadora.

Não precisamos mais de salas de aula. Não tem cabimento mais um professor ficar na frente da sala “dando” aula. Isso fazíamos no tempo em que a professora passava o “ponto na pedra”. Na verdade, a preleção como centro da didática foi algo formalizado pelos jesuítas, no século XVI, em seu “Ratio Studiorum”, talvez um dos primeiros PPIs (Projeto Pedagógico Institucional).

Hoje, o conhecimento se multiplica de uma forma exponencial e quase tudo está disponível na Internet. O Youtube, por exemplo, tem vídeos fabulosos que podem ser trabalhados com os alunos, mas desconheço as plataformas que estão totalmente integradas a essa tecnologia. Quem se reuniu com seus alunos no Second Life?

O pouco que comecei a fazer neste sentido tem me deslumbrado. As oportunidades são inúmeras e, principalmente, é muito divertido. Em pouco tempo, a educação será totalmente diferente daquilo que conhecemos e quem sair na frente vai ficar em vantagem. Katilce que se cuide.

Maurício Garcia, PhD, é especialista em gestão educacional e entusiasta de novas tecnologias aplicadas à educação.

http://www.mgar.com.br

segunda-feira, julho 16, 2007

Educação e o Second Life

Entrevista que eu fiz com o professor Carlos Valente sobre o Second Life. Essa entrevista teve o foco em Gestão de Marcas.

quarta-feira, julho 11, 2007

A Marca Educacional: Emocional ou racional?

Um assunto que tem tomado muito tempo dos gestores educacionais é quanto a retenção e captação de novos alunos. Os cursos oferecidos pelas instituições estão se tornando produtos massificados e por isso acabam criando uma falta de estímulo no mercado.

Hoje em dia, muitos profissionais de marketing dizem que o importante é dar o que o cliente quer, mas com a quantidade de informações que estamos submetidos todos os dias, nem mesmo nós sabemos o que queremos. Muitas vezes, uma propaganda bem feita, um projeto de marketing bem elaborado e um novo produto pode surpreender o cliente de uma forma que ele jamais imaginou.

Para que marca educacional seja reconhecida como uma marca forte ela precisa atingir tanto o lado racional do consumidor quanto o seu lado emocional.

Para atingir o seu lado racional não é tão díficil. O futuro aluno simplesmente irá pesar os prós e os contras entre uma instituição e outra. Mas para tocar o coração do público alvo não é simplesmente um logotipo bem feito, cursos inovadores e a segurança de uma marca tradicional.

Criar uma relação emocional é criar vínculos superiores. Precisamos lembrar que muitas vezes os alunos são muito mais bem informados do que a própria cúpula da instituição e por isso precisam de relações estáveis que proporcionem a sensação de credibilidade e admiração pela instituição.

Agora, eu pergunto: Como é possível para uma instituição de ensino desenvolver a relação emocional com o seu público?

Penso que existem algumas formas pra desenvolver essa relação emocional. Para uma Marca Institucional vale essa regra:

Veja como a instituição trata o seu público interno (seu corpo docente, seus funcionários e seu corpo discente).

A instituição precisa ter uma identidade visual clara e coerente.

A Instituição precisa estar aberta para discutir a relação. Ou seja, oferecer ao seu público vários pontos de acesso à instituição, fazer com que se sintam num lugar onde é possível o acesso a quem quer que seja, e que saibam que irão ser atendidos em seus pedidos.

As instituições de Ensino precisam entender que o poder de sua Marca está com os seus alunos. E o poder dessa marca depende do que os seus alunos pensam e sentem sobre ela. As associações e o significado que a marca educacional consegue transmitir para seu público é simplesmente o que a instituição é.


Mas nem só de relação emocional vive um instituição de ensino. Uma relacão racional também é necessária, nem só necessária, mas obrigatória.

A área da educação não é tão diferente assim das outras áreas, os possíveis alunos não irão apenas se matricular porque precisam de uma certificação. Se estão pagando um valor que outras instituições também praticam, eles irão optar por uma instituição que os ajudem a enxergar suas vidas de um modo diferente. Eu acredito que os alunos quando se matriculam numa Instituição de Ensino estão comprando um novo estilo de vida. E para que eles se sintam seguros a Instituição precisa desenvolver ações para proporcionar a esse aluno o estilo de vida que ele optou.

Luciane Chiodi

quarta-feira, julho 04, 2007

Era do conhecimento não combina com burocracia

Carimbador Maluco (Raul Seixas)


Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!!
Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!!
Tem que ser selado, registrado, carimbado
Avaliado, rotulado se quiser voar!
Se quiser voar....
Pra Lua: a taxa é alta,
Pro Sol: identidade
Mas já pro seu foguete viajar pelo universo
É preciso meu carimbo dando o sim,
Sim, sim, sim.


Para ouvir a música, clique aqui


Para ver o vídeo, clique aqui


“Tem que ser selado/ registrado /carimbado /avaliado e rotulado se quiser voar, pra lua a taxa é alta, pro sol: identidade, mas já pro seu foguete viajar pelo universo é preciso meu carimbo dando sim, sim, sim!”. O texto original diz: “(...) Ser governado é ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, identificado, doutrinado, aconselhado, controlado, avaliado, pesado, censurado, comandado(...)” (Fernando Pinéccio)


Essa música é uma crítica pesada a burocracia importa pelo governo, afim de retardar todas as atividades desenvolvidas nessa área.



Mas também retrata o que acontece nas instituições de ensino em plena era do Conhecimento. Tanto no que diz respeito às pequenas burocracias quanto ao exercício dos micro-poderes nas escolas.



As instituições de ensino acabam estipulando regras e também uma certa vigilância sobre as atitudes do seu corpo docente e dos seus funcionários com o intuito de trabalharem com pessoas submissas e treinadas para não fazerem nada diferente do que a cúpula da instituição pensou.



Em algumas instituições os professores ou funcionários precisam pedir uma autorização para tirar xérox com 07 dias de antecedência e colher a assinatura do coordenador, que por sua vez precisa colher a assinatura do assistente do diretor e depois do diretor e se duvidar tem que esperar o Reitor aparecer para assinar também.


Ou então, para acontecer uma palestra (que somente enriquecerá o curso) o professor também precise pedir autorização para o coordenador. Ou mais, se precisar de qualquer outro tipo de apoio precisa mandar Email para a universidade inteira.



O professor ou o funcionário contratado pela instituição tem que confiar na instituição, e por sua vez a cúpula da instituição tem que confiar em seus funcionários e em seu corpo docente. É preciso confiança mútua como num relacionamento amoroso.



Os gestores precisam acordar para a realidade e perceber que quem faz a marca da escola são os seus professores e seus funcionários. E para que isso aconteça de forma harmoniosa e natural é preciso soltar essas rédeas e confiar.


Quanto de dinheiro as instituições não estão gastando com isso? Em plena era do conhecimento, gastar com requisições, com controles, gastar salários com segurança para saber se os professores estão em sala de aula é um absurdo. E esse problema é muito mais sério do que pode parecer, pois esse sistema de vigilância e controle acaba por bloquear a capacidade criativa das pessoas.



As Instituições estão se mostrando para o público externo como super modernas, de tecnologia de ponta, de ensino de excelência só que seus procedimentos internos são arcaicos e obsoletos.



Mas como o Brasil é um país de pessoas criativas, inteligentes e talentosas acredito que num futuro próximo essa situação será bem diferente! Para melhor é claro.


Luciane Chiodi



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